O representante brasileiro na FAO
(Organização da ONU para a Agricultura e Alimentação), José Antônio Marcondes de
Carvalho, defende nesta segunda-feira (14) a produção da agricultura familiar
como um dos principais fatores no combate à fome.
"Hoje, 65% da produção agrícola no Brasil tem origem na agricultura familiar. É
por meio da agricultura familiar que vamos conseguir alimentos suficientes para o
povo", disse ele na abertura da 30ª Conferência Regional da Organização das
Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação para a América Latina e Caribe, que
vai até sexta-feira, no Palácio Itamaraty.
Carvalho acrescentou que o setor é responsável por 10% do PIB (Produto Interno Bruto)
brasileiro, a soma de todas as riquezas produzidas no país, e por 77% da massa de
trabalhadores rurais.
A preocupação com a recente alta dos preços dos alimentos e o forte crescimento da
demanda no mercado mundial foi tema de declarações de uma série de órgãos
internacionais ao redor do mundo na semana passada.
Na segunda-feira, o chefe da Subdireção de Assistência para Políticas da FAO, Fernando
Soto Baquero, defendeu, por sua vez, mais incentivos públicos para o setor de agricultura
familiar ter a inclusão tecnológica em seu trabalho.
"Há um desafio crucial de que se estenda a inclusão tecnológica na agricultura
familiar, tanto para uma maior remuneração dos produtores como para prevenção
do aquecimento global", afirmou Baquero. Segundo ele, o crescimento da produção
agrícola não gerou aumento de ganhos para a agricultura familiar. Um dos motivos seria a
alta dos custos de produção devido à pouca tecnologia.
No caso dos trabalhadores das lavouras de cana-de-açúcar, exemplificou, nos últimos
anos a carga de trabalho cresceu aproximadamente quatro vezes, mas eles ganham,
proporcionalmente, o mesmo que recebiam nos anos 70.
Fonte: Folha Online