Cerca de 200 mil quilômetros quadrados de
fundo do mar estão praticamente mortos, quase quatro vezes mais que há 13 anos, segundo
um relatório apresentado nesta sexta-feira (6) em Hamburgo pelo Fundo Mundial da Natureza
(WWF, em inglês) por ocasião do Dia Mundial dos Oceanos, celebrado em 8 de junho.
"Estamos utilizando os oceanos como aterro de lixo e estamos lhes tirando o ar para
respirar. As principais ameaças para os mares são a pesca predatória, a mudança
climática e a falta de oxigênio", disse o autor do relatório, Jochen Lamp.
O mar com a maior superfície "morta" é o Báltico, com um total de 42 mil
quilômetros quadrados, e até 90 mil quilômetros nos piores momentos de crise, mas no
Golfo do México, no Mar Negro e no Adriático também há grandes regiões de fundo
marinho asfixiado, principalmente pelos vazamentos de pesticidas.
A asfixia ocorre através das águas dos rios, que transportam grandes quantidades de
fósforo e nitratos até os oceanos. Estes adubos impulsionam o início do crescimento da
flora marinha e das algas, mas acabam provocando a extinção dos organismos e a falta de
oxigênio. Os peixes morrem ou acabam fugindo para outras regiões.
"Antes, o Mar Báltico era de águas claras. Hoje, está turvo e muito fertilizado,
apesar de toda tentativa para salvá-lo. A limpeza dos mares deve, portanto, se tornar
prioridade de todos os Governos ribeirinhos", afirmou Lamp, que acrescentou que o
Báltico possui hoje quatro vezes mais fósforo e nitrogênio que há 100 anos.
As conseqüências da asfixia dos mares são dramáticas não só do
ponto de vista ecológico, mas também econômico, pois representa o fim da pesca e,
portanto, do sustento de muitas pessoas, acrescenta o WWF, que pediu à União Européia
para suspender os subsídios à agricultura convencional para frear a hiperfertilização
dos mares.
Fonte: Estadão Online