O recuo da camada de gelo na Antártida,
fenômeno provocado pelo aquecimento global, colocará em perigo as já ameaçadas baleias
migratórias ao reduzir suas áreas de alimentação, afirmou o Worldwide Fund for Nature
(WWF) na quinta-feira (19).
Em um relatório intitulado "Quebra-Gelo - Empurrando as Fronteiras para as
Baleias", o grupo diz que o gelo marítimo do inverno será reduzido em até 30 por
cento em alguns lugares, obrigando as baleias a viajarem mais 500 quilômetros em busca de
comida.
Além de retroceder, essa fronteira vital entre as águas geladas e as águas mais
quentes, que provoca a subida dos nutrientes consumidos pelo krill (do qual as baleias se
alimentam), poderia encolher, reduzindo a quantidade de comida disponível.
"Essencialmente, o que estamos vendo é que as baleias associadas ao gelo como as
baleias mink da Antártida enfrentarão mudanças dramáticas em seu habitat dentro de um
período não muito maior do que o período de vida desses animais", afirmou Heather
Sohl, dirigente do WWF.
O prolongamento das rotas de migração não apenas fará aumentar o montante de energia
usado pelas baleias para chegar a suas áreas de alimentação como também reduzirá a
temporada de alimentação por causa do tempo consumido para chegar até lá, afirmou o
relatório.
O documento foi divulgado para coincidir com o 60o encontro anual da Comissão
Internacional Baleeira (IWC), que ocorre em Santiago (Chile), na próxima semana. Nesse
encontro, o Brasil deve propor a criação de um Santuário para Baleias no Atlântico
Sul.
Países baleeiros como o Japão e a Noruega, de outro lado, realizam uma campanha para que
seja levantada a moratória sobre a caça comercial de desses animais, adotada pelo IWC em
1982.
Entre as baleias mais ameaçadas pelo derretimento do
gelo na Antártida encontram-se a baleia-azul, o maior animal do mundo, e a cachalote.
Só recentemente, essas espécies começaram a se recuperar depois de terem ficado à
beira da extinção no século 20, antes da moratória da IWC entrar em vigor.
Cientistas prevêem que as temperaturas médias do planeta subirão entre 1,8 e 4 graus
Celsius neste século devido à emissão de gases do efeito estufa produzidos na queima de
combustíveis fósseis em usinas de energia e em veículos automotores - e o aquecimento
deve ser maior e mais rápido nos pólos do globo terrestre.
As previsões do WWF baseiam-se na premissa de que as temperaturas vão se elevar, até
2042, em 2 graus Celsius.
Fonte: Estadão Online