As políticas de estímulo e os subsídios
aos biocombustíveis devem ser revistos urgentemente pelos países para preservar a
segurança alimentar, proteger os pequenos agricultores da especulação dos mercado
mundial de commodities e garantir sustentabilidade ambiental.
As conclusões são do relatório anual A Situação da Agricultura e da Alimentação,
divulgado na terça-feira (7), em Roma, pela Organização das Nações Unidas para a
Agricultura e Alimentação (FAO).
De acordo com o documento, os biocombustíveis apresentam riscos e oportunidades, mas as
políticas têm que ser bem gerenciadas para que os benefícios sejam mais relevantes.
Até agora, segundo a FAO, os agrocombustíveis já provocaram pressões sobre preços dos
alimentos e não necessariamente contribuíram para a redução de emissão de gases de
efeito estufa.
A produção de biocombustíveis de produtos agrícolas, entre eles a cana-de-açúcar e o
milho, mais que triplicou entre 2000 e 2007 e já responde por quase 2% do consumo mundial
de combustíveis para o transporte, de acordo com o relatório.
A demanda por suprimentos agrícolas para biocombustíveis líquidos (principalmente
etanol e biodiesel) vai continuar crescendo na próxima década e talvez além, aumentando
a pressão sobre os preços dos alimentos. Os altos preços das commodities já tiveram
impacto negativo nos países em desenvolvimento, que são muito dependentes das
importações para suprir suas necessidades alimentares, aponta o texto.
Diante dos riscos da competição entre produção agrícola para alimentação ou
produção de energia, o etanol brasileiro é citado pela FAO como uma exceção, em
contraponto direto ao etanol norte-americano, à base de milho. O etanol de cana
brasileiro surge como um correspondente competitivo aos combustíveis fósseis, sem
necessidade de subsídios.
O texto ainda questiona o pressuposto de que a utilização de biocombustíveis contribui
necessariamente para a redução de emissões de gases de efeito estufa. Mudanças
no uso da terra como o desmatamento para expandir as lavouras de matérias-primas
para os biocombustíveis são uma grande ameaça para a qualidade do solo, a
biodiversidade e as emissões de gases de efeito estufa, pondera a FAO.
Fonte: Luana Lourenço/ Agência Brasil