O Brasil é o país da fartura e, por isso,
o consumo de frutas e verduras - alimentos mais baratos que os industrializados - é alto,
certo? Errado. É o que aponta uma pesquisa encomendada pelo Ministério da Saúde. Na
verdade, apenas 17,7% da população brasileira atende às recomendações da
Organização Mundial da Saúde (OMS) de comer cinco porções diárias destes alimentos.
A maior regularidade foi encontrada em São Paulo, que apresentou 23% da amostra com esse
comportamento, sendo que as mulheres têm mais esse costume - são 27% - e os homens 18%.
O uso de carne com gorduras aparentes está no cotidiano de 32,8% da população e 29% dos
adultos são sedentários. Em geral, as brasileiras têm cuidado mais da saúde:
alimentam-se melhor, fumam menos, são menos sedentárias, bebem menos, têm menos excesso
de peso.
Os dados citados fazem parte da pesquisa realizada pelo Sistema de Vigilância de Fatores
de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico - Vigitel,
em parceria com o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da
Universidade de São Paulo, nas capitais dos 26 estados do país e Distrito Federal,
realizado em abril de 2008.
Evitar doenças - Evidências epidemiológicas mostram associação inversa entre o
consumo de frutas, legumes e verduras e o risco de doenças cardiovasculares e
determinados tipos de câncer. A verificação da ocorrência de transição
epidemiológica ao mesmo tempo em que a transição nutricional tem destacado a dieta como
um importante fator de promoção e manutenção da saúde, tendo papel determinante nas
deficiências nutricionais e doenças crônicas não transmissíveis.
Dra. Olga Maria Silverio Amancio, presidente do Conselho Regional de Nutrição - 3ª.
Região (CRN-3) e coordenadora da comissão de comunicação, explica a matemática da boa
alimentação: "Considerando a recomendação da OMS de consumir pelo menos 400
gramas de frutas, legumes e verduras ao dia, para prevenir doenças crônicas não
transmissíveis é necessário, que, em uma dieta de 2000 calorias, 9% das calorias totais
(183 calorias) sejam provenientes de frutas, verduras e legumes (5 porções - 2 de frutas
e 3 de verduras e legumes)."
O CRN-3 procura incentivar o aumento de consumo de verduras, legumes e frutas na
alimentação diária, pois contêm alto teor de micronutrientes, fibras e compostos
bioativos com propriedades funcionais e apresentam baixa densidade energética.
Ainda na perspectiva biológica, o consumo de frutas, verduras e legumes podem atuar
positivamente na prevenção também de carências nutricionais como anemia e
hipovitaminose A.
Socializando informações - Em termos culturais, o baixo consumo deste grupo de alimentos
tem origens sócio-antropológicas, e por isso a perspectiva de socialização de
informação para apoio dos indivíduos na seleção de alimentos é fundamental. O CRN-3
realiza campanhas freqüentes, com o objetivo de estimular hábitos alimentares
saudáveis, além de contribuir para a melhoria da saúde da população.
Vale lembrar que uma alimentação saudável tem por característica três princípios:
variedade, comer diferentes tipos de alimentos pertencentes aos diversos grupos;
moderação, ou seja, não exagerar nas quantidades de alimentos ingeridas; e equilíbrio,
o consumo de alimentos variados, respeitando a quantidade de porções recomendadas para
cada grupo de alimentos.
Fonte: Yahoo!