Mulheres com alto poder aquisitivo são
maioria no consumo de orgânicos (29/09/08)
Alto grau de escolaridade, renda familiar elevada e predominantemente do sexo feminino.
Esse é o perfil do consumidor de alimentos orgânicos no Distrito
Federal, segundo estudo realizado pela Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da
Universidade de Brasília (UnB). O retrato foi obtido a partir de pesquisa coordenada pela
professora Ana Maria Resende Junqueira e conduzida pelo engenheiro agrônomo Maurício
Júnio Gomes, que foi orientado por ela e utilizou as informações para compor sua
monografia de final de curso.
De 400 consumidores entrevistados em um grande supermercado, em feiras orgânicas e na
Centrais de Abastecimento do DF (Ceasa-DF), 72% eram mulheres. Quanto ao nível de estudo,
50% do total de respondentes tinham curso superior completo e 27% tinham pós-graduação.
Por fim, com relação à situação econômica, 59% dos participantes declararam ter
renda familiar acima de R$ 5 mil.
De acordo com a professora Ana Maria Junqueira, a presença maciça de mulheres no rol dos
consumidores fiéis de produtos orgânicos pode ser explicada com base em fatores
culturais. "Quem adquire alimentos para o lar, culturalmente, é a mulher. Ela vai
às compras, a decisão fica nas mãos delas", afirma. Ana Maria relata ainda que 88%
dos entrevistados - incluindo muitas mulheres - colocaram a preocupação com a saúde
como principal motivo para aquisição dos orgânicos e que 46% deles tem idade superior a
41 anos.
"É um público com formação acadêmica, que busca se informar e que ultrapassou um
nível sócio-econômico mínimo. Eles estão com a vida estabelecida, têm filhos e
procuram uma alimentação mais saudável para a família", diz.
Logo atrás do cuidado com a saúde como principal estímulo para compra dos orgânicos
pelos moradores do DF, foi citada a preocupação com o meio ambiente por 33% dos
entrevistados (agrotóxicos, usados para cultivo das hortaliças e legumes tradicionais,
podem contaminar o solo e cursos d'água).
Curiosamente, a equação entre as duas variáveis muda de acordo com a idade do
consumidor. Os entrevistados acima de 61 anos conferem 92% de importância à
preocupação com a saúde e 17% ao meio ambiente. Já os na faixa dos 20 anos, colocam,
respectivamente, 50% e 50% para cada um.
"Gasto com prazer"
Formada em Letras, professora de alunos de ensino médio, e completando este ano uma
segunda graduação em Direito, Marinete Duarte Amorim de Souza, 48 anos, se encaixa
perfeitamente no perfil traçado pelo estudo feito por Ana Maria Junqueira e Maurício
Gomes. Esposa de um economista, ela soma com o marido e filhos - de 19 e 22 anos - uma
renda familiar mensal entre R$ 10 mil e R$ 12 mil. Há cerca de um ano e meio, tornou-se
consumidora fiel dos alimentos orgânicos porque a leitura de reportagem, livros e o
acesso a informações via internet trouxeram a preocupação com a saúde própria e da
família.
"Você vai estudando e descobre o que faz mal, o que faz bem, e o que não faz nem
bem nem mal. Optei pelo que faz bem. Tendo as informações que eu tenho, por que vou
seguir consumindo aquilo que agride minha saúde?", questiona a professora, que
comanda as compras do lar e confessa que enfrenta um embate diário com o marido em razão
da preferência dada aos alimentos cultivados em sistema livre de agrotóxicos e aditivos
químicos. "Ele acha que é bobagem, que o alimento orgânico é igual ao
convencional e reclama do preço. Não estou nem aí, porque tenho certeza do que estou
fazendo. Gasto muito com isso, mas gasto com prazer", diz.
Marinete acredita, ainda, que chegará o dia em que os produtos orgânicos terão preços
mais acessíveis e toda a população terá acesso a eles. "A tendência da sociedade
é a naturalização das coisas, a preocupação com o futuro", acredita.
Onde comprar orgânicos no Distrito Federal
Em geral, os alimentos orgânicos são encontrados em supermercados pertencentes a grandes
redes e eventualmente em estabelecimentos menores. Você também pode visitar a feira de
produtos agrícolas da Ceasa-DF, que tem barracas de produtos do tipo: ela funciona às
quartas e sábados pela manhã, no galpão da Central no Setor de Indústria e
Abastecimento, ao lado da Feira dos Importados.
Há, ainda, várias feiras no DF especializadas em comercializar os alimentos mais
saudáveis. Seguem dados sobre os quatro locais que fizeram parte da pesquisa da UnB sobre
o assunto:
- Feira Tao, na 108/109 Norte. Funciona sábado pela manhã.
- Feira GPT, no Ministério do Meio Ambiente. Funciona na quinta-feira, das 10h às 17h.
- Feira Messiânica, na 315/316 Norte. Funciona na terça-feira pela manhã.
- Feira da AGE, alternadamente na 315/316 Norte; 709/909 Sul e 112 Sul. Funciona às
quartas e sábados pela manhã.
Fonte: Mariana Branco / CorreioBraziliense.com.br
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