Um relatório da Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) afirma que o etanol brasileiro
contribui mais na redução das emissões de gases que provocam o efeito estufa do que os
biocombustíveis produzidos nos Estados Unidos e na Europa
Intitulado Avaliação Econômica das Políticas de Apoio aos Biocombustíveis, o estudo
afirma que o etanol de cana-de-açúcar produzido no Brasil permite reduzir as emissões
em até 90%. O documento foi divulgado nesta quarta-feira (16) em Paris.
Já os biocombustíveis produzidos a partir do milho, como nos Estados Unidos, permitem
reduzir as emissões apenas entre 20% e 50%, segundo o estudo da OCDE.
No caso do etanol à base de trigo, produzido em alguns países da Europa, a diminuição
das emissões de dióxido de carbono em relação aos combustíveis fósseis são de 30% a
60% e, em relação ao etanol de beterraba açucareira, a redução de CO2 varia entre 30%
e 50%.
"Apesar da redução das emissões de gases que provocam o efeito estufa serem a
razão principal das políticas voltadas para os biocombustíveis, os resultados são
limitados", diz o relatório.
"O etanol de cana-de-açúcar do Brasil permite diminuir as emissões em pelo menos
80%. No entanto, os percentuais são muito mais baixos para os biocombustíveis realizados
com as matérias-primas utilizadas na Europa e na América do Norte", afirma a
Direção de Agricultura da OCDE, que realizou o estudo.
Recomendações - Segundo a organização, "o apoio governamental à produção de
biocombustíveis nos países da OCDE custa caro, mal consegue reduzir as emissões de
gases com efeito estufa e melhorar a segurança energética e repercute fortemente sobre
os preços mundiais dos produtos alimentares."
A OCDE reúne 30 economias, entre elas, algumas das mais industrializadas do mundo. O
Brasil não integra a organização.
Para melhorar a eficácia econômica, ambiental e social dos biocombustíveis, a OCDE
sugere que sejam estabelecidos patamares mínimos para a redução de gases que provocam o
efeito estufa.
A organização recomenda também a eliminação de barreiras alfandegárias sobre o
produto, além do reforço das pesquisas tecnológicas.
Além do fim das barreiras sobre o produto final, a OCDE recomenda ainda a eliminação de
barreiras alfandegárias sobre as matérias-primas utilizadas em sua produção.
De acordo com a organização, essa medida "deve permitir a redução dos custos e
melhorar sua eficácia energética".
O documento afirma ainda que na maior parte dos países, os biocombustíveis dependem
fortemente de subvenções públicas, sobretudo nos Estados Unidos, Canadá e Europa.
"Nesses países, os subsídios atingiram US$ 11 bilhões em 2006 e devem chegar a US$
25 bilhões por ano em 2015", diz o documento.
Segundo estimativas da OCDE, as medidas de apoio à produção de biocombustíveis custam
entre U$ 900 e U$ 1,7 mil por cada tonelada de dióxido de carbono que deixa de ser
emitida na atmosfera.
A organização afirma que a produção de biocombustíveis deve dobrar nos próximos dez
anos.
Os Estados Unidos são os maiores produtores de etanol, totalizando 48%
da produção mundial, enquanto o Brasil representa 31%. A Europa totaliza 60% da
produção mundial de biodiesel.
Fonte: Estadão Online