Entre 10 e 30% das espécies de mamíferos,
aves e anfíbios estão atualmente ameaçadas de desaparecer e antes que esse século
termine podem extinguir-se entre 25 e 50% das espécies terrestres.
Essa é uma das conclusões a que chegaram os cientistas norte-americanos Harold Mooney e
Peter Raven, considerados arquitetos da ciência da biodiversidade e ganhadores do Prêmio
de Investigação Científica em Ecologia e Biologia da Fundação BBVA, que foi entregue
nesta terça-feira (17).
Os estudos de Mooney, professor da Universidade de Stanford, e Raven, presidente do Jardim
Botânico de Missouri, foram chaves para entender de forma diferente a biodiversidade, já
que seus trabalhos se centraram nos ecossistemas e nos serviços que esses prestam à
sociedade.
Em um encontro com a imprensa, Mooney disse que nos últimos 50 anos os serviços
prestados pelos ecossistemas se degradaram em 60% e expressou sua preocupação pelo
aumento desse processo nos últimos 25 anos.
Ele advertiu ainda que a taxa de exploração dos recursos está se acelerando de tal
forma que se pode chegar ao colapso de alguns deles, como, por exemplo, a água.
Frente a essa situação, o professor Mooney disse que os governos têm que analisar o
problema e avaliar o que tem que fazer a sociedade.
"Se não adotarmos ações agora e de forma rápida, será outro o mundo que
temos", segundo Mooney, que lançou uma mensagem de tranqüilidade ao afirmar que
"não digo que vá desaparecer."
O problema da perda de biodiversidade se agrava com a mudança climática, um processo que
"está ocorrendo a passos largos."
"A pesar de todos os governos do mundo estarem de acordo que o problema é grave e
vai mudar nossa forma de vida, ainda não sabemos o que devemos fazer", disse.
O cientista norte-americano expressou sua confiança que no próximo mês de novembro se
defina um novo acordo como o de Kioto tem termos de biodiversidade, no marco de uma
reunião intergovernamental convocada pelas Nações Unidas.
Esse acordo iria supor o estabelecimento de um instrumento similar ao Intergovernamental
Pannel on Climate Change (Iuappa) para lutar contra a perda de biodiversidade.
Fonte: Estadão Online