A mudanças climáticas
podem se tornar a principal causa do deslocamento de refugiados, fazendo com que milhares
de pessoas deixem seus locais de origem a cada ano, disse na quarta-feira (3) um
funcionário da Organização das Nações Unidas (ONU), quando a ONU e a Cruz Vermelha
fizeram um apelo por fortes esforços globais para ajudar pessoas a enfrentar as
conseqüências do aquecimento global.
Segundo as entidades, tempestades mais fortes, mais inundações e diminuição das
chuvas, situações que devem atingir mais pesadamente as pessoas mais pobres, estão
dentre as conseqüências esperadas com a intensificação das mudanças climáticas.
Acordos sobre como ajudar países pobres a adaptarem-se são o principal desafio dos
negociadores de um novo tratado sobre o clima que deve entrar em vigor em 2013.
"O clima sempre foi um elemento, uma das razões que forçam as pessoas a se moverem,
mas não a razão primária", disse Jose Riera, conselheiro sênior de políticas do
Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados. "O que tememos é que nos
próximos anos o clima repentinamente torne-se a principal razão desses movimentos
migratórios."
Segundo Riera, estimativas
conservadoras prevêem que cerca de 250 milhões de pessoas terão sido forçadas a
deixarem seus locais de origem por causa das mudanças climáticas até 2050 e "se
dividirmos isso por ano, são cerca de 6 milhões de pessoas migrando" além dos
cerca de 10 milhões de refugiados que o Alto Comissariado cuida atualmente. "Muitas
dessas pessoas devem se deslocar dentro de seus próprios países", disse ele.
"E os países mais vulneráveis estão no mundo em desenvolvimento e são aqueles com
menores condições de reagir a esses problemas."
Ele acrescentou que é importante começar a discutir com os países questões como
"quem irá cuidar dessas pessoas, que tipos de direitos elas terão e se elas serão
forçadas a voltar a seus países mesmo se não houver condições para isso". A ONU
e a Cruz Vermelha também apontaram para maior necessidade de esforços mais amplos na
preparação dessas populações para os riscos que elas enfrentarão em razão das
mudanças climáticas.
Medidas de proteção - As entidades indicaram medidas como a proteção
de fontes de água antes de enchentes, o plantio de árvores para evitar deslizamentos de
terra ou desertificação, impedir que casas sejam construídas em áreas de alto risco e
simplesmente disseminar informações sobre como lidar com inundações.
"O projeto para reduzir os riscos de desastres pode economizar dezenas de milhares de
dólares ao ano", disse Reid Basher, da Estratégia Internacional da ONU para
Redução de Desastres. "Para cada US$ 1 investido em redução de riscos, podemos
economizar entre US$ 3 e US$ 10 em custos de resposta a desastres", disse Bekele
Geleta, secretário-geral da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e
do Crescente Vermelho. "Grandes catástrofes climáticas não têm necessariamente de
levar a desastres devastadores ou catastróficos", apontou.
Fonte: Estadão Online