A pressão contra a emissão de gases que
provocam o efeito estufa resultante das queimadas para limpar o solo antes do plantio de
pastagens deverá reduzir as áreas de pecuária na Floresta Amazônica, prevê o
Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). De acordo com o instituto, a
pecuária tem sido a principal responsável pelo desmatamento e queimadas, lançando mais
de 50% da emissão de CO2 na atmosfera.
O estudo, produzido pelos cientistas Paulo Barreto, Ritaumaria Pereira e Eugênio Arima,
do Imazon, conclui que os pecuaristas não terão como resistir à pressão internacional
e às ações governamentais.
Em dezembro, o governo brasileiro anunciou a meta de reduzir o desmatamento na Amazônia
em 72% até 2017, como parte do Plano Nacional sobre Mudança no Clima. Segundo o plano, o
total da redução seria escalonado em três quadriênios até 2017: 40%, 30% e 30%.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 1990 e 2005
o rebanho bovino brasileiro aumentou cerca de 40% - de 147 milhões para 207 milhões de
cabeças. Isso possibilitou que em 2004 o Brasil se tornasse o maior exportador mundial de
carne bovina. Grande parte desse aumento ocorreu na Amazônia - de 26 milhões (18% do
total nacional)para 73 milhões (36% do total)-, o que aumentou a preocupação de
organizações defensoras do meio ambiente e do próprio governo, pois recrudesceu também
o desmatamento de novas áreas para pasto. Com a pressão contra os gases de efeito
estufa, a tendência será um crescimento menor na derrubada, acredita o Imazon.
A participação da Amazônia nas exportações de carne brasileiras cresceu
expressivamente entre 2000 e 2006, passando de 6% (10 mil toneladas) para 22 % do total
(263,7 mil toneladas).
Fim do desmatamento - O presidente da Comissão do Meio Ambiente da Confederação
Nacional da Agricultura (CNA), Assuero Veronez, contesta o Imazon. Para ele, a tendência
não será a redução no tamanho das áreas de pasto, mas a recuperação de áreas
degradadas que servirão paras novas pastagens. Ele acha que a produção de carne na
Amazônia deve continuar em alta, porque serve para evitar o aumento do preço da carne.
Para Veronez, o desmatamento, de fato, deverá acabar. "É óbvio que o desmatamento
tende a diminuir, em função de uma série de razões, principalmente por causa do
aparato estatal que hoje está envolvido no combate à derrubada e à consciência dos
agricultores contra as práticas ilegais. Hoje há da parte dos produtores disposição de
não desmatar mais", disse. Veronez acha que no futuro o desmatamento será residual,
de cerca de 4 mil quilômetros anuais, exclusivamente para a agricultura familiar.
Veronez disse que as entidades envolvidas com o meio ambiente têm por hábito aumentar os
números de tudo o que se refere a desmatamento. "Falam aí em vários porcentuais,
em até 75% de emissão de gases por causa de queimadas na Amazônia, baseando-se em
cálculos do tempo em que o desmatamento era de 28 mil quilômetros quadrados. Hoje, é de
12 mil quilômetros quadrados. E acabará."
Fonte: João Domingos/ Estadão Online