Muitos países africanos estão perdendo
rapidamente seus recursos naturais, conforme suas populações crescentes levam o
continente ao limite ecológico, disse a organização WWF nesta segunda-feira (9).
O alerta foi emitido no primeiro relatório detalhado sobre a pegada ecológica
da África - área estimada de um país ou de sua superfície de terra e água que é
usada, anualmente, para suprir as necessidades de consumo de seu povo.
"Um crescente número de países africanos está reduzindo seus recursos naturais -
ou vão, em pouco tempo, fazer isso - mais rápido do que podem ser substituídos",
disse o presidente da WWF, Emeka Anyaoku, apresentando os dados na conferência de
Johannesburgo.
O relatório coloca Egito, Líbia e Argélia no topo da lista das nações do continente
que já vivem muito além de suas possibilidades ecológicas.
No entanto, nove outros também estão gastando sua biocapacidade: Marrocos, Tunísia,
Etiópia, Quênia, Uganda, Senegal, Nigéria, África do Sul e Zimbábue.
A organização suíça, anteriormente conhecida como Fundo Mundial para a Natureza, mas
agora identificada apenas por sua sigla em inglês e por seu logo, que estampa um panda,
produziu o relatório "Africa-Ecological Footprint and Human Well-being"
(Pegadas ecológicas na África e Bem-Estar Humano, em tradução livre) juntamente com o
grupo de pesquisa norte-americano Global Footprint Network.
O trabalho diz que apesar do consumo elevado dos recursos de alguns países, a pegada é,
em geral, de 1,1 hectare de terra e mar - ainda atrás da biocapacidade total do
continente, de 1,3 hectare por cabeça.
Os números da África ainda estão bem atrás da média global de pegada de 2,2 hectares
por pessoa que, com 1,8 hectare disponível, corre a taxas que sugerem que o homem vai
precisar de dois planetas até 2050.
No entanto, o grande perigo para o continente é que sua população de cerca de 680
milhões de pessoas está crescendo rapidamente e está prevista para dobrar até 2050,
significando que a África vai representar um quarto da população do mundo.
Embora o desenvolvimento seja vital para os africanos, eles têm que "trabalhar com,
ao invés de contra, sua reserva ecológica", disse o diretor da Global Footprint
Network, Mathis Wackernagel.
"O desenvolvimento que ignora os limites dos recursos naturais termina impondo custos
desproporcionais às pessoas mais vulneráveis e dependentes da saúde dos sistemas
naturais, como a população rural pobre", disse.
Fonte: Estadão Online