Sua pele é o que você come (25/08/08)

A preocupação com a nutrição é uma das formas mais eficazes e seguras de cuidar da pele, segundo um grupo crescente de nutricionistas e dermatologistas no país. A premissa “nossa pele é o que comemos” ganha adeptos no Brasil e mostra resultados surpreendentes. O envelhecimento cutâneo, por exemplo, só depende 30% de genética. Outros fatores, como exposição solar e alimentação, são os que mais respondem pela capacidade de elasticidade e renovação celular epitelial.

– Não basta apenas escolhermos alimentos de ótima qualidade. O organismo como um todo deve estar preparado para digerir, absorver e distribuir aquele nutriente para todas as células. Do contrário, o efeito não será percebido. A nutrição se aplica para todas essas funções – diz a nutricionista funcional Patricia Davidson.

Reclamações

As queixas mais comuns dos que lotam os consultórios de nutricionistas para melhorar a pele são acne, flacidez e envelhecimento. Como orientação geral, os médicos alertam que frutas, verduras, oleaginosas, leguminosas, carnes brancas e fibras são grupos de alimentos que não podem faltar para a saúde da cútis. Em contraposição, os “inimigos” são gorduras saturada e trans, carboidrato simples (como pão e macarrão), pizza (por ter gordura e carboidrato refinado), produtos industrializados (com conservantes, corantes) e embutidos (como salame, paio, mortadela).

– Estes alimentos geram radicais livres, deixam a pele desvitalizada, ressecada, sem vida e desnutrida. Podemos pensar da seguinte forma: se faz mal para o coração, com certeza fará mal para a pele – explica a professora de pós-graduação em consultoria nutricional Sheila Mustafá, que debaterá o tema em setembro no Congresso Internacional de Nutrição Clínica Funcional, em São Paulo.

A coordenadora do núcleo de cabelos e unhas da Sociedade de Dermatologia do Rio de Janeiro, Robertha Nakamura, lembra que tudo que diminui a oxigenação a nível periférico aumenta o colesterol e entope vasos – como frituras e gorduras – afetam primeiro o cabelo e as unhas, porque são os locais mais distantes para o sangue chegar. Álcool e cigarro também são prejudiciais, porque prejudicam as células e diminuem a vascularização.

Dietas realizadas sem orientação profissional também podem ser uma verdadeira praga para a pele. A correria do dia-a-dia muitas vezes impede que as pessoas se alimentem bem – comidas prontas ou rápidas comprometem a absorção e o consumo de nutrientes.

A parceria dermatologia e nutrição tem conquistado muito espaço e é um sucesso em objetivos estéticos. A empresária Juliana Carrizzo, 25 anos, é uma comprovação da tendência. Evita alimentos gordurosos porque aumentam a oleosidade cutânea, e come muito tomate para se proteger do câncer:

– Procuro consumir verduras para proteção. Tenho caso de câncer na família – conta Juliana.

De acordo com uma pesquisa de cientistas ingleses, duas refeições diárias à base de tomate podem ajudar na prevenção contra o câncer de pele e outras doenças causadas pelo sol. O licopeno, contido no fruto, é um poderoso antioxidante e melhora a formação de colágeno.

Alimentação adequada combate o envelhecimento

As aplicações da nutrição para a pele são diversas. A mais mencionada por dermatologistas é o impacto dos alimentos no envelhecimento cutâneo. Segundo a nutricionista Mônica Dalmacio, há nutrientes que apresentam a capacidade de impedir o fenômeno natural, como as vitaminas lipossolúveis (A, D, E) e hidrossolúveis (C). De oligoelementos com a mesma qualidade, merecem ser citados selênio, magnésio e zinco.

Alimentos que contenham vitamina A têm papel importante para quem tem pele muito exposta ao sol na diferenciação e renovação das células. Além de dar à pele uma coloração marrom alaranjada, semelhante a um bronzeado, atuam como um fotoprotetor sistêmico natural.

– Alimentos ricos em vitamina C também são essenciais na prevenção do fotoenvelhecimento, pois a substância é neoformadora de colágeno, além de contribuir muito para integridade da parede dos vasos da pele – acrescenta a dermatologista Robertha Nakamura.

O colágeno é responsável pela “arquitetura” da pele, mantendo-a “esticada”. Com o passar dos anos, o colágeno vai se fragmentando, principalmente em regiões fotoexpostas, e a pele “cai”, fica sem firmeza. Uma alternativa para evitar a tendência é o consumo de gelatina, rica em proteína colagênica. A nutrição que repõe a proteína é boa principalmente em mulheres em menopausa, com deficiência de estrogênio.

– O excesso de radicais livres também contribui para o envelhecimento. As moléculas instáveis, geradas a partir de reações metabólicas do organismo, provocam estragos nas células da pele, como a oxidação, e impedem uma boa respiração, levando à morte celular e ao seu acúmulo sobre a pele – explica Nakamura.

Certas vitaminas e minerais têm ação antioxidante e conseguem neutralizar estes radicais livres. São cereais integrais, grãos, nozes, óleos vegetais, germe de trigo, zinco, cobre, selênio e magnésio.

Olheiras

Alguns alimentos consumidos continuamente pode desencadear uma resposta crônica como as olheiras persistentes. As olheiras também podem surgir como um sintoma de má circulação. Uma dica é excluir por 15 dias algum tipo de alimento consumido com muita regularidade ao dia/semana.

A nutróloga Jane Corana conta que há alimentos cuja aplicação direta na pele funciona tão bem quanto a ingestão. O pepino é um exemplo. Tem água, vitaminas A e C e grande quantidade de esqualeno – fitoquímico das plantas que atua como protetor da pele. O fruto combate o envelhecimento, restaura a integridade das células, acelera a regeneração celular e ajuda em casos de dermatite e psoríase. Outras máscaras naturais indicadas são de mamão e abacate, ricos em vitamina A.

Para combater a acne, é bom comer alimentos que equilibrem alterações hormonais, como brócolis, couve-flor e repolho. (C.G.)

Fonte: Cristine Gerk / Jornal do Brasil

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